
Ensino Fundamental
4º ao 9º ano
4º ao 6º ano

Após o Rubicão, entre os 10 e 12 anos de idade, a criança passa a olhar o mundo que a cerca sob uma nova perspectiva.
O amor que cultivou pelo ambiente durante os primeiros anos torna-se agora admiração e beleza. Ela o reconhece, observa e atua.
O currículo Waldorf do 4º ao 6º ano escolar busca oferecer aos alunos, subsídios físicos e anímicos contemplando o pensar, o sentir e o querer dos mesmos através do conhecimento!
As Mitologias lhes revelam mistérios sobre a origem do mundo e da própria humanidade, o caos e a ordem, a vida e a morte, a luz e a treva. Refazendo o caminho histórico e cultural das antigas civilizações, desde os bárbaros Povos Nórdicos, os harmoniosos Gregos e o majestoso Império Romano, a criança recebe o alimento que a conecta novamente ao ideal humano, ao homem arquetípico.
A Geografia parte de si mesma, de sua corporalidade, levando-a às imediações de seu bairro, sua cidade e seu estado. Eis o 4º ano! O 5º ano perpassa os recantos de todo o país, que entre montanhas e planícies desvenda a alma de nosso povo! Viajando por entre os povos, no 6º ano, olhamos para nossas fronteiras e desbravamos a América.

A Zoologia coloca os animais e seu ambiente em uma nova harmonia, específica, peculiar, instintiva e bela.
A Botânica revela as sutilezas da vida que germina, cresce, frutifica e fenece.
A Mineralogia tal como um espelho do céu, revela o mais profundo processo de transformação da terra.
E, permeando tudo isto, a criança reconhece a si mesma: eis o Homem!
A Matemática lhe instrumentaliza a conhecer desde o ínfimo ao infinito, o todo e suas partes. O compasso e a régua traçam formas exatas no espaço, como um rastro da vida quantificada.
Os traços geométricos que até o 6º ano eram exclusivamente realizados a mão livre agora ganham precisão e clareza, como o pensar germinal que surge em busca da causalidade.
Então, por volta dos 12 anos, as primeiras relações de causa e efeito são coroadas através da observação de experiências da Física!
A apropriação e o cultivo da Linguagem não mais se configuram apenas como uma forma de comunicação prática, cotidiana, mas sim como um instrumento plástico e artístico. A beleza estética do falar!
Da leve pena à caneta tinteiro, cada traço sobre o papel busca, através da escrita, reproduzir artisticamente o conhecimento e o “re-conhecimento” do mundo essencialmente humano.
O Trabalho Manual contempla a maturidade delicada das mãos até o movimento mais sutil das pontas dos dedos. Partindo do ponto cruz, passando pelo tricô com cinco agulhas e chegando ao trabalho de costura completo onde o próprio aluno imagina, traça os moldes e dá forma e consistência à sua criação.
Tudo que surge deste caminho busca ser útil, verdadeiro e, acima de tudo, tecer o fio entre o querer e o pensar, equilibrando forças vitais ao Ser Humano em desenvolvimento.
Quanto mais amadurece seu corpo físico, mais a criança mergulha no conhecimento do mundo, desvendando suas leis, compreendendo suas forças e engajando-se nele através da intensa vontade de realizar seu próprio destino que aflora!
7º ao 9º ano
Prof. Sandra Guarilha
Conforme vimos anteriormente, na criança, o impulso para a imitação prevalece na idade pré-escolar, assim como o impulso para o aprender é despertado na idade escolar. Na época da puberdade outra necessidade é despertada e surge o impulso para aprender a entender a vida inteira do ser humano.
Nós nos perguntamos, enquanto professores de classe, quem é esse jovem aluno. Que mudanças estão ocorrendo no seu interior e de que forma se relaciona com o mundo exterior a ele?
Podemos observar que no limiar da adolescência nosso aluno vive uma situação dramática. Sua ossatura se torna mais pesada, os movimentos, desajeitados e duros, enquanto a vida dos sentimentos sofre profunda transformação e irrompe para fora, para além daquilo que o separa do mundo exterior. A vida emocional fica sem controle e quer exercer o seu domínio ao mesmo tempo em que o jovem sente o peso do seu esqueleto e fica sujeito a ele. O sentimento de solidão se alterna com o sentir-se parte de toda a humanidade. O jovem percebe-se como uma individualidade, mas antes de mostrar-se nesse novo ambiente, precisa sentir-se seguro.
Enquanto isso, forças intelectuais o capacitam para entender o mundo através da causalidade. O raciocínio intelectual está cada vez mais disponível para compreender o mundo e suas leis, para examinar causas e efeitos e proferir julgamentos.


Olhamos para o currículo oferecido pelas nossas escolas Waldorf e vemos desenvolver-se uma estrutura grandiosa, sábia e encantadora! Trazendo harmonia, vem ao encontro das necessidades que se apresentam.
No âmbito das Ciências Naturais, por exemplo, acontece a “descoberta do ser humano interior”, quando o jovem se depara com o estudo da mecânica dos ossos e músculos, higiene e alimentação, enquanto, na História, junto com a época das grandes navegações, descobrem novos continentes. Grandes mudanças estão acontecendo nesse momento para a humanidade: a descoberta da vida anímica individual, o pensamento científico-natural durante o Renascimento, a industrialização e a formação de uma nova ordem social.
A Geografia traz o caráter da individualização dos povos e os fenômenos culturais, quando os próprios alunos se individualizam cada vez mais. O cultivo da recitação, individual e em grupo, oferece possibilidades no encontro da “linguagem própria” lançando-os à observação da codificação das várias linguagens. As peças de teatro dramáticas são muito apreciadas, pois ajudam a exercitar a fala e os gestos, e assim a alma, pouco a pouco, adquire domínio dos movimentos, ainda caóticos, dos membros.
O adentrar o espaço dos números negativos constitui um valioso aprendizado social, preparando uma atitude alerta e ativa frente às influências da sociedade de consumo.
O Cálculo algébrico passa a ter uma importância particular, uma vez que traz consciência sobre as regras genéricas dos cálculos, tornando visíveis a relação entre os cálculos numéricos e algébricos.
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É preciso adquirir confiança em seu próprio pensar! A Geometria o conduz, treinando a vontade e a capacidade de julgar nascente, no caminho das deduções de leis geométricas e da expressão livre de emoção, num universo de precisão, exatidão e beleza.
A Música tem uma importante função social e terapêutica, tirando o jovem do isolamento que ora se manifesta, e promovendo a atuação em conjunto.
Ajudando a superar o próprio cansaço, a Jardinagem vem ao encontro a esse momento, oferecendo meios de entender, por meio de atividades práticas, como os fenômenos da natureza se relacionam. Do trabalho comum surgirá a base para futuros julgamentos e disposição para a responsabilidade prática nesse âmbito.
Lançando um breve olhar para dentro de alguns itens do nosso currículo e podendo imaginá-lo envolvido com as mais especiais vivências artísticas, compreendemos o valor da pedagogia que abraçamos: uma pedagogia que nasce da observação do ser humano e que tem no próprio jovem o fundamento e a máxima do seu método e da sua didática.