
Ensino Fundamental
1º ao 9º ano

1° Ano

“Olha este arco de flores,
Mostrando o caminho
Para um príncipe corajoso seguir com alegria.”
A criança ingressa no Ensino Fundamental trazendo consigo a fantasia, que é parte importante do seu universo entre os 6 anos e meio e 7 anos de idade. Através deste ambiente das histórias (contos de fadas), imagens e brincadeiras, ela é conduzida ao mundo das letras, dos números e cálculos.
Este ano é vivenciado como uma grande apresentação deste universo que será explorado ao longo de toda a sua vida escolar. Começa a alfabetização com a letra de forma, onde através de imagens elas são apresentadas!
Iniciam também as aulas de música (canto e instrumento, com ênfase na flauta), línguas estrangeiras (até o 3° ano o ensino se dá por imitação; através do ouvir a criança aprende versos, musicas, brincadeiras e vai desabrochando o vocabulário), trabalhos manuais, pintura, desenho de formas, entre outras.

2° Ano
“Quanto tempo tem o tempo?
Fui ao tempo perguntar.
E o tempo respondeu
Já cansado de contar:
Que o tempo tem o tempo
Que o tempo sempre tem.
E quem tem mais tempo que o tempo?
Eu não conheço ninguém!”
Neste ano o conteúdo é conduzido através dos grandes ciclos da natureza: dia e noite, os dias da semana, os meses, as estações do ano... oferecendo à criança a segurança de que o tempo e a vida estão em constante renovação. Assim como a gota que cai da nuvem do céu, vira rio, vira mar e gota de nuvem volta a ser.
O ciclo da água é um outro ritmo grande da natureza estudado pelas crianças do segundo ano.
O ensino das letras e dos números é ampliado.
No ensino das letras é apresentada a letra minúscula. Agora conhecem a letra do jornal do papai, e dos livros que então podem reconhecer. A criança vai aos poucos ganhando confiança própria para escrever sozinha pequenas frases e palavras ligadas aos conteúdos apresentados.
No ensino dos números exploramos o universo das tabuadas e múltiplos, dos cálculos orais e resolução de problemas utilizando as quatro operações básicas.
Além dos grandes ciclos, o segundo ano tem como fio condutor as fábulas e as histórias dos santos, mostrando para a criança o quanto o ser humano pode elevar-se.


3° Ano

“Servir uns aos outros
Cada um, cada um com o próprio dom que recebeu.”
No terceiro ano o trabalho é a palavra condutora. Através das histórias do Antigo Testamento, das profissões, a criança é conduzida a perceber a importância do ser humano no mundo. Experimenta o trabalho, o fazer para o outro, a importância e a interrelação das profissões e assim aprende ao fazer.
As crianças plantam o trigo, cuidam da horta até que chegue o momento da colheita e fazem o pão. Visitam profissionais de vários ofícios: ferreiros, oleiros, pedreiros, entre outros.
Os alunos podem vivenciar as medidas e as dimensões em uma pequena construção como a de um forno, por exemplo, que poderia ser utilizado para assar pães. Ou uma casinha de sapê, a organização de um pátio, etc. O importante aqui é que a construção tenha um objetivo, uma utilidade.
No ensino das letras e dos números este é um ano de conclusão do que foi apresentado no primeiro e segundo anos. Fecha-se um ciclo.
A letra cursiva é apresentada e a escrita agora é desenvolvida em pequenos textos ligados aos conteúdos. Começa o estudo da gramática: verbo, substantivo e adjetivo, e são apresentados os sinais de pontuação através do som que eles mostram na frase.
No ensino dos números concluímos as quatro operações com as contas armadas, além das noções de medidas utilizadas nas construções.
E assim, cercada pelo trabalho e por toda beleza deste mundo, a criança dos 9 anos sente segurança no ser humano que é capaz de oferecer ao mundo aquilo que trouxe das alturas celestiais.
4° ao 6°Ano
Após o Rubicão, entre os 10 e 12 anos de idade, a criança passa a olhar o mundo que a cerca sob uma nova perspectiva.O amor que cultivou pelo ambiente durante os primeiros anos torna-se agora admiração e beleza. Ela o reconhece, observa e atua.O currículo Waldorf do 4º ao 6º ano escolar busca oferecer aos alunos, subsídios físicos e anímicos contemplando o pensar, o sentir e o querer dos mesmos através do conhecimento!As Mitologias lhes revelam mistérios sobre a origem do mundo e da própria humanidade, o caos e a ordem, a vida e a morte, a luz e a treva. Refazendo o caminho histórico e cultural das antigas civilizações, desde os bárbaros Povos Nórdicos, os harmoniosos Gregos e o majestoso Império Romano, a criança recebe o alimento que a conecta novamente ao ideal humano, ao homem arquetípico.A Geografia parte de si mesma, de sua corporalidade, levando-a às imediações de seu bairro, sua cidade e seu estado. Eis o 4º ano! O 5º ano perpassa os recantos de todo o país, que entre montanhas e planícies desvenda a alma de nosso povo! Viajando por entre os povos, no 6º ano, olhamos para nossas fronteiras e desbravamos a América.
A Zoologia coloca os animais e seu ambiente em uma nova harmonia, específica, peculiar, instintiva e bela.A Botânica revela as sutilezas da vida que germina, cresce, frutifica e fenece.A Mineralogia tal como um espelho do céu, revela o mais profundo processo de transformação da terra.E, permeando tudo isto, a criança reconhece a si mesma: eis o Homem!A Matemática lhe instrumentaliza a conhecer desde o ínfimo ao infinito, o todo e suas partes. O compasso e a régua traçam formas exatas no espaço, como um rastro da vida quantificada.Os traços geométricos que até o 6º ano eram exclusivamente realizados a mão livre agora ganham precisão e clareza, como o pensar germinal que surge em busca da causalidade.Então, por volta dos 12 anos, as primeiras relações de causa e efeito são coroadas através da observação de experiências da Física!
A apropriação e o cultivo da Linguagem não mais se configuram apenas como uma forma de comunicação prática, cotidiana, mas sim como um instrumento plástico e artístico. A beleza estética do falar!Da leve pena à caneta tinteiro, cada traço sobre o papel busca, através da escrita, reproduzir artisticamente o conhecimento e o “re-conhecimento” do mundo essencialmente humano.O Trabalho Manual contempla a maturidade delicada das mãos até o movimento mais sutil das pontas dos dedos. Partindo do ponto cruz, passando pelo tricô com cinco agulhas e chegando ao trabalho de costura completo onde o próprio aluno imagina, traça os moldes e dá forma e consistência à sua criação.Tudo que surge deste caminho busca ser útil, verdadeiro e, acima de tudo, tecer o fio entre o querer e o pensar, equilibrando forças vitais ao Ser Humano em desenvolvimento.Quanto mais amadurece seu corpo físico, mais a criança mergulha no conhecimento do mundo, desvendando suas leis, compreendendo suas forças e engajando-se nele através da intensa vontade de realizar seu próprio destino que aflora!


7° ao 9° Ano
Prof. Sandra Guarilha
Conforme vimos anteriormente, na criança, o impulso para a imitação prevalece na idade pré-escolar, assim como o impulso para o aprender é despertado na idade escolar. Na época da puberdade outra necessidade é despertada e surge o impulso para aprender a entender a vida inteira do ser humano.
Nós nos perguntamos, enquanto professores de classe, quem é esse jovem aluno. Que mudanças estão ocorrendo no seu interior e de que forma se relaciona com o mundo exterior a ele?
Podemos observar que no limiar da adolescência nosso aluno vive uma situação dramática. Sua ossatura se torna mais pesada, os movimentos, desajeitados e duros, enquanto a vida dos sentimentos sofre profunda transformação e irrompe para fora, para além daquilo que o separa do mundo exterior. A vida emocional fica sem controle e quer exercer o seu domínio ao mesmo tempo em que o jovem sente o peso do seu esqueleto e fica sujeito a ele. O sentimento de solidão se alterna com o sentir-se parte de toda a humanidade. O jovem percebe-se como uma individualidade, mas antes de mostrar-se nesse novo ambiente, precisa sentir-se seguro.
Enquanto isso, forças intelectuais o capacitam para entender o mundo através da causalidade. O raciocínio intelectual está cada vez mais disponível para compreender o mundo e suas leis, para examinar causas e efeitos e proferir julgamentos.
Olhamos para o currículo oferecido pelas nossas escolas Waldorf e vemos desenvolver-se uma estrutura grandiosa, sábia e encantadora! Trazendo harmonia, vem ao encontro das necessidades que se apresentam.No âmbito das Ciências Naturais, por exemplo, acontece a “descoberta do ser humano interior”, quando o jovem se depara com o estudo da mecânica dos ossos e músculos, higiene e alimentação, enquanto, na História, junto com a época das grandes navegações, descobrem novos continentes. Grandes mudanças estão acontecendo nesse momento para a humanidade: a descoberta da vida anímica individual, o pensamento científico-natural durante o Renascimento, a industrialização e a formação de uma nova ordem social.A Geografia traz o caráter da individualização dos povos e os fenômenos culturais, quando os próprios alunos se individualizam cada vez mais. O cultivo da recitação, individual e em grupo, oferece possibilidades no encontro da “linguagem própria” lançando-os à observação da codificação das várias linguagens. As peças de teatro dramáticas são muito apreciadas, pois ajudam a exercitar a fala e os gestos, e assim a alma, pouco a pouco, adquire domínio dos movimentos, ainda caóticos, dos membros.O adentrar o espaço dos números negativos constitui um valioso aprendizado social, preparando uma atitude alerta e ativa frente às influências da sociedade de consumo.
O Cálculo algébrico passa a ter uma importância particular, uma vez que traz consciência sobre as regras genéricas dos cálculos, tornando visíveis a relação entre os cálculos numéricos e algébricos.
É preciso adquirir confiança em seu próprio pensar! A Geometria o conduz, treinando a vontade e a capacidade de julgar nascente, no caminho das deduções de leis geométricas e da expressão livre de emoção, num universo de precisão, exatidão e beleza.
A Música tem uma importante função social e terapêutica, tirando o jovem do isolamento que ora se manifesta, e promovendo a atuação em conjunto.
Ajudando a superar o próprio cansaço, a Jardinagem vem ao encontro a esse momento, oferecendo meios de entender, por meio de atividades práticas, como os fenômenos da natureza se relacionam. Do trabalho comum surgirá a base para futuros julgamentos e disposição para a responsabilidade prática nesse âmbito.
Lançando um breve olhar para dentro de alguns itens do nosso currículo e podendo imaginá-lo envolvido com as mais especiais vivências artísticas, compreendemos o valor da pedagogia que abraçamos: uma pedagogia que nasce da observação do ser humano e que tem no próprio jovem o fundamento e a máxima do seu método e da sua didática.

